Um conceito que começa a ser indissociável de sustentabilidade é o de construção coletiva , já que o desenvolvimento sustentável tem como fim o benefício da sociedade em geral e não apenas uma empresa ou pessoa. Companhias distintas, de um mesmo segmento do mercado ou não, ao lado de ONGs, Universidades e organizações do setor público passam a compartilhar conhecimento e firmar parcerias nessa área.
Por mais que esse tipo de cooperação ainda aconteça em pequena escala, é importante destacar os avanços e as iniciativas em andamento. Tenho acompanhado com especial interesse casos de organizações que se reúnem periodicamente para discutir ações relacionadas à sustentabilidade. Ao longo de todo o ano passado, participei de alguns encontros entre líderes interessados em trocar experiências e tornar suas organizações mais sustentáveis. Esses eventos são oportunidades para aqueles que estão mais avançados no tema ajudarem seus pares a evitar os mesmos erros já enfrentados. Essa também é uma maneira de encontrar novos parceiros de negócios. Ficou claro que, quando as organizações estão na mesma direção e compartilham práticas, todos saem ganhando. O resíduo que uma empresa produz pode ser útil para outra; a solução encontrada por uma pode ser aplicada à outra, e assim por diante. É uma troca com potencial muito promissor.
É possível notar que as lideranças estão se tornando conscientes das vantagens da construção coletiva quando o assunto é de grande relevância para o meio ambiente e para a sociedade. Aponto como exemplo uma fabricante de um biocombustível alternativo que substitui combustíveis fósseis na geração de vapor ou energia. A companhia participou recentemente de um curso de sustentabilidade e não perdeu tempo: quando os representantes da empresa saíram de lá, já tinham três reuniões de trabalho agendadas com outros participantes.
Outro caso interessante é o de uma fabricante de papel que precisava abastecer sua nova fábrica no Rio Grande do Sul com eucalipto. A solução encontrada foi estabelecer parcerias com a comunidade local e com uma instituição financeira. A empresa, junto da Emater, órgão técnico do governo gaúcho, decidiu treinar pequenos produtores rurais no plantio de eucalipto dentro de critérios socioambientais. Os escolhidos receberam mudas e assistência técnica, além da garantia de compra por parte da companhia por no mínimo dois ciclos (14 anos).
Dessa maneira, a união de forças entre empresa, agricultores, o governo gaúcho e um financiador resultou num empreendimento sustentável, que respeita o meio ambiente e dá nova oportunidade aos pequenos produtores rurais da região. O Rio Grande do Sul ainda se beneficia com o desenvolvimento de uma região carente de investimentos e com a geração de renda, criação de empregos diretos e indiretos e aumento de arrecadação.
Se é verdade que no Brasil a discussão sobre sustentabilidade já saiu do ponto de partida e alcança um número cada vez maior de organizações, o diálogo sobre o assunto ainda é restrito. Para que haja avanços é importante que as lideranças de iniciativas pioneiras percebam que podem e devem compartilhar suas experiências e atuar em conjunto com outras organizações, até porque é grande a demanda por práticas empresariais consolidadas e sistematizadas nesse tema.
A ação de todos os setores em direção ao desenvolvimento sustentável é urgente e imprescindível. E a construção de novas parcerias é uma maneira de transformar problemas ambientais e sociais em oportunidades para os envolvidos, além de ser uma ótima maneira de acelerar o movimento. Ninguém está fora desta jornada. E quanto antes as lideranças perceberem que resultados financeiros, meio ambiente e sociedade estão interligados, melhor será para todos.
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